Puberdade

Puberdade. Essa palavra que ouvimos com um ligeiro riso (de troça? de malicia? de malandrice?).

Mas não era propriamente disso que eu queria falar. Era mais para dar o toque de entrada no post, com a esperança que alguém o leia (ou não).

Não há nada de mais grotesco do que levar piropos de homens que podiam ser meus pais, ou meu avô, enquanto estão sentados à porta do café a gorgolejar umas minis. Passo a descrever a cena.

Todos os dias quando regresso do trabalho, existe um passeio largo, a caminho de casa, onde se concentram alguns cafés e uma mercearia. É daqueles passeios que os carros não invadem, mas, ao invés de Fiats e Jaguares, esses passeios são antes invadidos por umas personagens de camisa aberto até ao umbigo, cordão de ouro, perna aberta e mini (ainda por cima Sagres) na mão, enquanto vão sacando uns tremoços com a outra. Juntam-se sempre uns 10 individuos desta cepa, todos eles a puxar os cinquentas, com aquele ar de quem ainda se acha engatatão e o ser mais sexy ao cimo da terra, com aquela barriga de 9 meses e pelame no peito e no buço.

Nada escapa a este verdadeiro corredor de batata frita. O indício de qualquer figura feminina no horizonte, provoca logo uma coceira na região da virilha, um estalar de língua e um virar de pescoço. Alta, gorda, baixa, morena, loira, preta, branca, amarela, magra, qualquer uma. E de vez em quando lá somos gracejadas com um "Ai! Ai!" ou um "porque é que sou casado?" ou então, quando a confiança é grande e a testosterona corre como super bocks numa esplanada na praia, somos brindadas com um bonito "caiava-te toda por dentro".

Será que não há um míssil guiado pelo cheiro a Sagres mini e tremoço que esteja disponível?

A Malandreca